quarta-feira, outubro 16, 2024
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Opinião: Dizer o quê?

A importância que o jornalismo exerce em nossa sociedade é crescente. As notícias constroem realidade para a população. Ribeiro e Fossá (2009) descrevem esse poder expresso por meio da linguagem jornalística: “A linguagem jornalística é a normalizadora da sociedade, é ela que ameniza o caos social, e é uma forma de instaurar uma ideologia de um grupo que se verbaliza através da mídia e torna-se a ideologia dominante, que tem o poder sobre a informação” (p. 6). Uma linguagem que ultrapassa os limites das páginas de jornais e das telas de TV, contribui para a construção do imaginário do cidadão acerca do mundo que o cerca. Os jornalistas são, de fato, formadores de opinião pública, construtores da agenda sobre política, economia, prognósticos para seu país, perspetivas de vida, divertimento e construção social.
No nosso país, e no mundo, os profissionais ouviam e ouvem todos os dias as coisas mais estranhas. Algumas delas, desafiam a imaginação de qualquer um. Muitos profissionais já desistiram de se surpreender com a natureza humana. Havia/há sempre uma história ainda mais sinistra para contar. As pessoas acusavam e acusam os jornalistas de quererem sangue, mas a verdade é algo incontornável por princípios e a ética profissional impede-os de fecharem os olhos.
Dessa forma, a sociedade, essa sim, derrama sangue e consome-o com ou sem gosto através dos jornais noticiosos, espaços de debates das rádios do país. As desculpas sempre não faltam e a sociedade é sempre pintada do mal camuflado e maquiada. Tudo é maquiagem: discursos, opiniões, torturas, desvios de fundos e mais…
Claro que certos profissionais da comunicação social no nosso país estão metidos em desinformação, até ao pescoço. Ajudam a traçar os planos, pintam ou maquiam o mal social, enquanto a sociedade é prolongada em confusão e as incertezas. Algumas rádios do país, têm uma missão: a desinformação e divisão das classes, para tirar os proveitos. Essa nova missão das rádios, perpetua a Guiné-Bissau na infelicidade, na precipitação dos seres humanos que nela habitam, cujo povo inocente amamenta os políticos, lavando-se das lágrimas.
Sabendo que a profissão jornalística está cerceada por tantos fatores, tendo a sua escrita guiada por valores múltiplos, cabe perguntar se o jornalista pode ser considerado de fato um profissional neutro para executar um recorte do real, ou ainda, o quanto ele é realmente livre para escrever? Não se trata de questionar a liberdade de imprensa constitucional, pela qual tantas nações do globo hoje validam o direito do cidadão de ter acesso a uma imprensa livre. Trata-se sim de refletir-se o quanto, nesse cenário ideal, criado constitucionalmente, o jornalista realmente atuará de maneira livre. Debatendo o papel da imprensa na sociedade atual, bem como a responsabilidade da profissão de jornalista, argumenta Meneghetti (2011) que, ao perseguir uma verdade que lhe parece absoluta e que seleciona por meio de valores pessoais, econômicos, políticos, ideológicos e de lócus profissional, o jornalista dificilmente será realmente livre para exercer sua profissão.
Para que os órgãos da comunicação do país voltem a ganhar a sua cor original, é preciso que o trabalho destes profissionais seja primada com os princípios e a ética jornalística. É ainda preciso, que a responsabilização dos profissionais que se desviam das normas que norteiam essa profissão. É necessário que a classe política aceita a verdade jornalística como a bússola as barreiras comunicativas entre o que acontece e o que se espera como informação. É indispensável que a verdade seja aceite como forma de libertar a sociedade dos pensamentos sombrios, carregados do medo e da desconfiança, para que a Guiné-Bissau viva da verdade e apenas da verdade política e jornalística.
Por: Mussa Danso
Professor e Jornalista
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