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Crise Política e a urgência de uma Cidadania Pro-ativa (I)

A crise política que afeta o nosso país, marcada pelo adiamento das eleições legislativas, sem previsão de nova data, aprofunda a desconfiança dos guineenses em relação ao sistema eleitoral e às instituições (Governo, C.N.E. e STJ). Esse adiamento representa mais do que um simples atraso: é um sinal preocupante que coloca em questão o compromisso das liderança com a democracia e o bem-estar dos cidadãos.
Em um recente encontro de enquadramento com os Coordenadores do Grupo de Kumpuduris di Paz e facilitadores do “Fanadu di Cidadania” — uma formação em cidadania Pro-ativa promovida pelo Centro de Teatro Oprimido Fórum de Paz — foi possível notar o impacto dessa incerteza política sobre a população. O sentimento geral é de decepção e insegurança. Sem a definição de uma data para as eleições, muitos guineenses começam a questionar a integridade do sistema eleitoral e a validade dos princípios democráticos que deveriam reger o país.


A iniciativa “Fanadu di Cidadania” emerge como uma resposta relevante a essa crise de confiança. O trabalho de educação cidadã visa capacitar indivíduos e grupos a se engajarem ativamente na vida pública, a partir de uma perspectiva de paz e diálogo. Esse tipo de formação não apenas fortalece a sociedade civil, mas também oferece ferramentas para que a população compreenda seus direitos e deveres e exerça pressão legítima para uma governança transparente e responsável.


É crucial que as autoridades responsáveis pela organização do processo eleitoral compreendam o impacto negativo do adiamento e trabalhem para garantir que o povo guineense seja ouvido. Sem uma resposta rápida e transparente, o nosso país corre o risco de ver uma parte significativa da sua população, especialmente os jovens, descrente de seu próprio país e do papel da democracia como meio de transformação social.
A formação em cidadania Pro-ativa, promovida pelo Fórum de Paz, reforça a importância do engajamento coletivo, onde cada cidadão é incentivado a fazer valer seus direitos. Em tempos de incerteza, iniciativas como esta servem de pilar para a construção de uma sociedade mais consciente e capaz de lutar pela justiça e pela transparência.


Portanto, o desafio dos Kumpuduris di Paz é que a Guiné-Bissau encontre em sua juventude e em seus movimentos sociais a força para reverter o atual cenário de crise e construir um caminho pautado na paz, na justiça e na cidadania ativa.

Por: Armando Mussá Sani

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