Se é, ou não, por ser agrónomo, pelo que li e tenho lido, o Amílcar Cabral sempre inspirou e orientou os seus pensamentos a partir da realidade do homem camponês [homem de campo]. De lá, iniciou a sua mobilização para a causa da independência da Guiné e Cabo Verde, de lá, assumiu efetivamente uma luta armada que durou onze anos e de lá, a Guiné-Bissau proclamou, unilateralmente, a sua independência. Se esta é a verdade, é minha opinião que os pensamentos de Amílcar Cabral devem ser apropriados também por um simples cidadão. Não devem ser “elitizados”. Ou melhor, muito se falou e se refletiu sobre os ideais de Amílcar Cabral, o que é, extraordinariamente, bom. Mas, há que se fazer mais.
Fazer mais implica levar Cabral às comunidades e às tabancas, junto aos jovens, as mulheres, os homens grandes e as crianças. Enfim, devemos levar Cabral às escolas e às universidades. Nas escolas e nas universidades é que devemos falar mais de Cabral para que as nossas crianças e jovens possam apropriar-se dos seus pensamentos e, com isso, transformar o homem guineense. Mas, para isso, é nossa convicção que os pensamentos de Amílcar Cabral e a história de luta, por ele idealizado e dirigido, devem constar do Currículo Escolar. Aliás, não se compreende que, depois de muitas reflexões e conquistas acadêmicas ou científicas sobre Amílcar Cabral e as suas obras, nas nossas salas de aulas, continuamos a ignorar o “SEGUNDO MAIOR LÍDER MUNDIAL DE TODOS OS TEMPOS”, de acordo com a BBC, que, por sinal, orgulhosamente, é um guineense. Ao contrário, estamos, é, presos às efemérides em relação a Cabral, quando devíamos homenageá-lo com dinâmicas concretas transformadoras, e deixar de assistir que o nosso próprio sistema educativo esteja a ensinar mais os pensamentos filosóficos de Sócrates, Platão Aristóteles, e outros, e de histórias seculares de Sundiata Keita, o primeiro mansa e fundador do antigo Império Mali, e de Mansa [Kankou] Moussa, “rei dos reis”, igualmente imperador do então Império Mali. Não estou contra, não. Até porque é um adicional interessante, do ponto de vista cultural.
Mas, ao meu ver, seria justo e sábio que as gerações presentes e futuras conhecessem e apropriassem dos opulentos pensamentos desta emblemática figura.
Ele [Amílcar Cabral], também, como homem de cultura, sempre o dizia: “A REVOLUÇÃO É UMA CIÊNCIA E DEVE SER ENSINADA CIENTIFICAMENTE”. É mais uma razão para dizer que é obrigatório ensinar Cabral, sobretudo os seus PENSAMENTOS REVOLUCIONÁRIOS, talvez possamos entender o conceito da própria revolução, a sua importância e tempo.
Se calhar, precisamos.
Lassana Cassama