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Opinião: População rural vive a pobreza em estado bruto!

 

Na Guiné-Bissau a degradante situação da rede rodoviária do país, retrata exactamente às condições de estagnação económica e a pobreza social que fatiga pouco menos de 2 milhão de vidas sucumbidas num pequeno território de 36. 126 km².
Infelizmente a pobreza extrema grassa a sociedade sem complacência, isso sim, perante um poder político pervertido. Ora, quando falo das estradas um factor-chave que aproxima o desenvolvimento, olhemos então para a principal rodovia que liga Bissau (Capital do país) à São Domingos, são cerca de 117 quilómetros de estradas, esburacadas praticamente sem asfaltos. Esta rodovia que se apelida de “Estrada de CEDEAO” apresenta vantagens comparativas muito pouca em termos da mobilidade de pessoas e bens, ligando a capital às regiões de Oio e Cacheu e, igualmente conecta o país à região meridional do Senegal, Ziguinchor.
Não obstante, o eixo São Domingos-Bula, que se encontra no prolongamento da “transgambia” logo depois de São Domingos aos 7 quilómetros em Djegue existe posto fronteiriço com importante fluxo de mercadorias e pessoas que animam a dinâmica económica quotidiana na zona transfronteiriça.
Viagem de Bissau a São domingos em Táxi-A as chamadas “sept-place” custa 2 500 fcfa e o percurso dura quase quatros horas de tempo, igual ao tempo de viagem (Bissau – Lisboa). Porém, normalmente viajar à esta distância não deve ultrapassar uma hora e meia. Além de táxi(A) existe outra opção de transporte público, os guiri-guiris cobram 2 000 fcfa à mesma distância, mas perde-se mais horas no caminho e dificilmente consegue chegar ao destino devido a má condição do trouxo.
Ora, as dinâmicas de circulação sub-regionais de e para o Senegal, a Gambia, Guine-Conacri e Guiné-Bissau, são predominantes nos fluxos migratórios da Região de Cacheu, em relação as dinâmicas de emigração ou imigração definitivas.
A precariedade deste pequeno país resultante da má governação, não se limita apenas ali, alastra-se em todas as perspectivas da vida nacional.
Na ausência de quase tudo, o mais básico é considerado luxo nas regiões rurais, confrontadas com a falta de infra-estruturas escolares, de saúde, água e segurança aliada à fraca rede de distribuição eléctrica que apenas cobre a capital do país, Bissau onde tudo se concentra.
Em São Domingos, a última cidade, antes da fronteira terrestre Norte com Senegal vive-se uma dinâmica informal no exercício das actividades económicas e comerciais muito influenciada pela convivência com os povos vizinhos de Casamança e da Guine-Conacri. A estima pelo negócio informal que se tem verificado actualmente nessa zona, vai mudando o modo de vida da população jovem com intercalação de fenómenos estranhos: consumo de drogas, álcool e outros males associados a delinquência.
No entanto, com surgimento de moto-táxis: meios alternativos de transporte entre as comunidades mais longínquas na linha fronteiriça, tem aumentado paralelamente as situações de violência e criminalidade na zona. Com maior incidência sobre violências domésticas cujos responsáveis ficam impunes pela falta de realização de justiça.
Uma vez que em São Domingos, sector com uma população residente estimada em cerca de 29. 116 (último censo, 2009 com tendência de crescimento), o tribunal deixou de funcionar desde 2018, por causa do estado avançado de degradação da casa de construção precária que aloja o tribunal sectorial.
Devido ao seu posicionamento geoestratégico, a cidade de Bula é vista como centro do país. Passa pela Bula quem vai para Cacheu ou Oio, as duas regiões são consideradas importantes de ponto de vista agro-pecuário e cultural, embora a sua população vive em situações de extrema pobreza. Na região de Oio a taxa de desnutrição é crónica e afeta cerca de 40, 9 por cento da população.
Dados da OMS alertam sobre a miséria que caracteriza 8 regiões administrativas do país. Com carência de tudo que é essencial para sobrevivência. Por outro lado, a insegurança desencoraja os criadores de gado das regiões de Cacheu e Gabu, (Norte e Leste), frequentes assaltos a mão armada nas comunidades tem sido causa de desentendimentos entre a população e as autoridades policiais que em várias ocasiões são acusadas de conveniência com os ladrões de gados bovinos.
De São Domingos, 53 quilómetros de terra-batida é a distância que percorre quem quer visitar a Varela: um ponto turismo com um potencial muito próprio, mas de difícil acesso sobretudo na época chuvosa em que o trouxo torna praticamente intransitável.
Quando caí as primeiras chuvas, é automaticamente o prenúncio de sacrifício para quem mora e vive naquela zona, pois, ficam todos isolados com falta de alimentos pois, nesse período de ano, os comerciantes também especulam abusivamente os preços.
A população de varela anualmente aguenta três meses com chuvas, sem cuidados de saúde e meios para se locomover e evacuar os seus produtos. É infelizmente a triste realidade que assombra a vida da população rural na Guiné-Bissau.
De tantas decepções e desafios, a riqueza natural do país e as suas características particulares mantêm viva a esperança de quem sonha viver futuramente num país diferente, onde as políticas públicas atenderão as mais básicas necessidades do povo.
Com certeza num amanhã diferente!
A luta continua!
Por: Djibril Iero Mandjam
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