Não sou especialista e nem precisaria para, minimamente, poder compreender o sentido da célebre e tão propalada frase de actualidade na minha terra. O “Concerto das Nações”. Ou seja, “regressamos ao Concerto das Nações”, “a Guiné-Bissau está/voltou a fazer parte do Concerto das Nações”. Ora, este discurso, que eu diria atroador, vindo de certas figuras da nossa classe dirigente e política está deslocado da realidade sobre o verdadeiro sentido interpretativo do “regresso da Guiné-Bissau ao Concerto das Nações”. Ou melhor, interessado neste exercício fui buscar a definição ou conceito original e histórico do “Concerto das Nações”. Com base no que li e consultas feitas, eu diria que a Guiné-Bissau não voltou ao Concerto das Nações, porque nunca deixou de fazer parte do “Concerto das Nações”. Não há regresso nenhum. Sempre fizemos parte dele [Concerto das Nações]. No passado, e no presente, a Guiné-Bissau está e sempre esteve presente como membro efectivo da Comunidade Internacional, através de várias organizações. No entanto, no futuro, acredito que não perderá o estatuto de ser, por exemplo, membro da ONU, da União Africana, da CEDEAO, da CPLP, da FRANCOFÓNIA, e de várias outras instituições internacionais. Se assim foi, é e será, qual é a base de “slôgane” o “regresso da Guiné-Bissau no Concerto das Nações?” Viagens, fizemos e muitas, visitas recebemos e muitas. Mas, este feito, considera-se, não deve ser configurado na lógica de “regresso da Guiné-Bissau no Concerto das Nações”, tanto mais que um dia havemos de avaliar o “Custo-benefício” das nossas viagens.
Portanto, no meu entender, não devemos distrair-se com aritméticas disfuncionais, baseadas nas viagens que, segundo os seus obreiros, visam o “Regresso da Guiné-Bissau ao Concerto das Nações”. Afinal, já lá estávamos, nunca deixamos e deixaremos (espero) de lá estar.
Bissau, 05 de Outubro de 2024.
Lassana Cassama